segunda-feira, 25 de julho de 2011

APOSTA NO AMANHÃ

            Eu estava viajando, a convite do Prof. Dr. Benedito Mendes, com um grupo de alunos do Mestrado em Meio Ambiente. Havíamos partido às 5 horas da manhã e íamos com destino aos famosos lençóis maranhenses. Um celular anuncia, entretanto, que um retardatário estava chegando num taxi. O ônibus parou no acostamento e a maioria dos viajantes desceu para tomar um rápido café no bar do posto de combustível onde havíamos parado. Fiquei, no entanto, sentado na poltrona em que eu ia, olhando displicentemente pela janela. De repente, dei-me conta de que havia uma mangueira plantada entre os limites das margens da rodovia e os limites territoriais de uma propriedade, de modo que seus frutos ficariam à mercê de quem ali passasse. Minha cabeça se pôs, então, a pensar.
            Napoleão havia ordenado aos nobres da França que plantassem árvores ao longo das estradas para que as tropas sob elas descansassem. Napoleão morre em Elba, sem que suas tropas jamais viessem a descansar sob aquelas árvores, mas, hoje, a França é cortada por enormes e belos túneis formados por aquelas árvores.
A imagem que me vem, agora, à cabeça é a dos enamorados, os quais depositam nas mãos de seus pretendentes a esperança de que o futuro poderá reservar-lhes aquilo que já faz parte de seus sonhos comuns.
Quem plantou aquela mangueira, plantou-a por um ato de esperança. É que subjacente ao ato de plantar uma árvore frutífera está a manifestação da esperança de que o plantador sobrevirá o suficiente para dela colher os frutos. Mas isto é uma aposta. Uma aposta que é motivada pela esperança, porque nenhum humano está apto a saber com certeza o que lhe irá ocorrer no tempo seguinte. É nesta aposta, no entanto, que repousam os atos humanos.
           É que em cada ato nosso há a pressuposição de que o agora de agora não nos seja mesquinho a ponto de se acabar ali. Apostamos que pelo menos algo do agora anterior escape à morte e nos possibilite ver continuidade no agora seguinte. Mais do que isto, apostamos no ato que manifestamos para que, mesmo que nosso corpo não venha sobreviver no agora seguinte, sobreviveremos no agora seguinte, por nossos atos. É que, como no amor dos enamorados, todos nós agimos na esperança de que exista o amanhã.


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